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O grupo hacker Anonymous declarou nesta quinta-feira, 24, uma "guerra cibernética" contra a Rússia, após a invasão ao território ucraniano durante a madrugada. Em mensagem publicada no Twitter, o grupo disse que tirou do ar sites do governo e da rede de televisão estatal RT News, e alertou que o setor privado também pode ser afetado.
Apesar do uso da expressão, o professor de Ciência Política Lucas Rezende, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), não acredita que o conceito de "guerra" esteja bem aplicado. O conflito cibernético até explora as vulnerabilidades do oponente na esfera virtual e pode causar grandes prejuízos, como interrupção, degradação, adulteração ou destruição de informações ou sistemas computacionais. No entanto, o conceito de guerra é mais profundo, segundo o professor.
"A guerra é um ato de força para subjulgar o oponente à sua vontade. Os ataques cibernéticos são ferramentas políticas que objetivam causar atrasos, danos, dificuldades, até desmoralizar o oponente. É muito raro que alguém morra por causa das operações no ciberespaço. Então, isso diferencia muito da guerra. Guerra é uso da força, armamento, é matar alguém ou convencer alguém a algo através do uso de força. E o ataque cibernético é uma ferramenta política", avalia.
Possíveis danos à estratégia russa
Mesmo com o Anonymous declarando "guerra" contra a Rússia e causando danos aos sites estatais, Rezende não acredita que a atuação do grupo hacker interfira na estratégia do país. O professor considera que cause até algum constrangimento moral ao governo de Vladimir Putin, mas não prejuízos às Forças Armadas.
Por outro lado, Creomar de Souza, fundador da consultoria Dharma, especializada em análise de risco político, observa que a "guerra cibernética" pode atingir a comunicação em rede dos equipamentos militares e da cadeia de suprimentos russa. Isso, sim, pode vir a impactar o Exército de Putin na prática.
"Um elemento importante de guerras do Século 21 é que você tenha também a capacidade de desordenar o fluxo desses dados do seu oponente, invadindo sistemas computacionais de rede de saúde, segurança pública e sistemas de defesa", destaca.
O futuro das guerras está no ciberespaço?
Embora não veja impacto do ataque do Anonymous à Rússia, o professor Lucas Rezende considera possível que as próximas guerras sejam declaradas no espaço cibernético. Não apenas dessa maneira, mas tendo a tecnologia como aliada nos confrontos.
"Não podemos falar que as guerras acontecerão só dessa maneira, mas os ataques cibernéticos são ferramentas políticas à disposição de atores estatais e não-estatais, que vão tentar prejudicar o seu inimigo de alguma forma, mas sem o uso da força", acrescenta.
Essa perspectiva evidencia a necessidade de iniciativas para proteger as organizações no mundo online. Uma delas é a criação de estratégias de segurança com proteção dos dados em nuvem e das fronteiras de privacidade.
A recomendação vale tanto para dados individuais quanto para sistemas coletivos, segundo Creomar de Souza, da consultoria Dharma.
"Cada vez mais a nossa vida cotidiana sofre muitas interações da tecnologia e essas interações também podem ser criadas para aumentar o medo, a confusão e a desorientação das pessoas naquilo que sejam suas atividades cotidianas", conclui.
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